quinta-feira, 5 de agosto de 2010

BARBOSA


Moacir Barbosa (Moacyr Barbosa)
Nascimento: 27/03/1921, Campinas (SP)
Falecimento: 07/04/2000, Santos (SP)
Jogos pelo Vasco: 417 (ou 494)
Período: 1945 a 1955 e 1958 a 1960
Títulos: Carioca (1945, 1947, 1949/50, 1952, 1958); Rio-São Paulo (1958) e Sul-Americano (1948)
Posição: Goleiro

Obs.:  Sobre o número de jogos de Barbosa pelo Vasco,  encontrei informações diferentes.  A Revista Placar Especial “As Maiores Torcidas do Brasil” (2006) informa que foram 417 jogos. Mas a publicação do LANCE “Série Grandes Clubes” (2005), diz que Barbosa defendeu o Vasco em 494 partidas.
 
 
 
 
  E o blog inicia! Fiquei pensando... ... com quem começar? Quem seria o primeiro? Eu deveria seguir uma ordem alfabética? Uma ordem cronológica? Resolvi seguir o que o meu coração vascaíno determinasse. E aí, não tive mais dúvida! Para iniciar a série “Os Gigantes da Colina”, escolhi o Barbosa. O número um! O melhor número 1! Nosso eterno goleiro encerrou a sua carreira nos gramados antes do meu nascimento. Portanto, não o vi atuar. Mas, mesmo assim, não tenho receio de dizer que Barbosa foi genial! Simplesmente o melhor!
 
A minha admiração por esse Gigante vai além do que já li sobre suas defesas, sobre suas qualidades como atleta do Vasco. Admiro Barbosa por tudo que ele representou! Admiro por suas qualidades como pessoa, narradas por vários jornalistas em crônicas e livros. Admiro por sua simplicidade, tão evidente no Bola da Vez na ESPN Brasil, onde (creio eu) o Barbosa deu sua última entrevista.



“Maior goleiro de seu tempo e um dos melhores de toda a história do futebol brasileiro, não se deixou abalar nem pela amarga lembrança da Copa do Mundo de 1950. Há quem ainda não o perdoe pelo gol do ponta direita Gighia – entre a trave esquerda e seu corpo -, mas o meia Zizinho o absolve: “Barbosa saiu certo. Sua preocupação foi interceptar um cruzamento para o meio da área, mas Gighia foi malandro e bateu onde ninguém esperava”.

Moacir Barbosa foi um goleiro seguro, elástico, dotado de excelente senso de colocação. Arrojado, jamais temeu mergulhar nos pés dos adversários. Jogou três anos no extinto Ypiranga, de São Paulo, e depois veio para o Vasco, no qual substituiu outro grande goleiro, Rodrigues, titular e campeão de 1945. No ano seguinte, Barbosa tomava-lhe a posição para só deixá-la em meados de 1956. Mas só encerrou a carreira em 1962 (uma das mais longas do futebol brasileiro), defendendo o Campo Grande... Foi um dos primeiros a jogar com camisa preta à noite, “para não dar ao atacante noção da minha posição”. “O cinza também era ótimo. Por isso, sou contra essas camisas espalhafatosas que os meninos usam atualmente”, critica. Barbosa participou de todas as campanhas vitoriosas a partir de 1947 e lembra com indescritível emoção a decisão do Sul-Americano de Clubes Campeões no Chile em 1948 numa final histórica contra o River Plate, da Argentina: .... Nesse dia peguei até um pênalti do Labruna no primeiro tempo. Eu o conhecia da Seleção Argentina e tinha quase certeza de que bateria rasteiro no canto esquerdo. Fui certinho e defendi.” Barbosa realizou defesas incríveis no segundo tempo e garantiu praticamente o 0x0 que deu o título ao Vasco.” (Revista Placar – Edição Especial “As Maiores Torcidas do Brasil” - Vasco)

(Foto: Acervo do Gov Estado de São Paulo)



A respeito de Barbosa, assim escreveu o cronista Armando Nogueira: "Certamente, a criatura mais injustiçada na história do futebol brasileiro. Era um goleiro magistral. Fazia milagres, desviando de mão trocada bolas envenenadas. O gol de Ghiggia, na final da Copa de 1950, caiu-lhe como uma maldição. E quanto mais vejo o lance, mais o absolvo. Aquele jogo o Brasil perdeu na véspera."


 
 
 
 
 
“Quando ouvi, pela primeira vez, alguém dizer que um grande time começa por um grande goleiro, o alvo era ele.” “... Barbosa foi o inventor da defesa com a mão trocada, hoje uma obrigação para todo goleiro... ... são raríssimos os goleiros que podem ser comparados a ele em matéria de classe e técnica. E como voava!” (coluna do jornalista Sérgio Cabral na Revista Oficial do Vasco, n.4)
  
(Barbosa entre Bellini e Paulinho de Almeida)


 
             "Considerado o melhor goleiro do Vasco em todos os tempos. Era seguro, elástico, dotado de excelente senso de colocação. Arrojado, jamais temeu mergulhar nos pés dos adversários. Também conseguia agarrar vários pênaltis. Foi sem dúvida o maior goleiro de seu tempo e um dos melhores de toda a história do futebol brasileiro." (Mauro Prais)

 
 
 
 
 
 
 
O jornalista Roberto Muylaert transformou cerca de 20 horas de conversações com Barbosa em um belo livro-homenagem. Nele encontramos algumas revelações curiosas (vocês sabiam que o Barbosa deu fim às traves do gol de Gighia fazendo uma fantástica fogueira em 1963 em sua casa, na Zona Norte do Rio de Janeiro?). A obra é um resgate de verdades e no capítulo em que o jornalista faz uma análise da Seleção de 1950 através de uma comparação com as vitoriosas Seleções de 1958, 1962 e 1970, encontramos o seguinte trecho: “Barbosa, o melhor e mais destacado goleiro do Brasil na época, considerado um dos raros craques do Brasil na posição, em todos os tempos. Foi eleito pelos jornalistas que cobriram a Copa de 1950 como melhor goleiro daquele campeonato, apesar dos dois gols polêmicos que sofreu na finalíssima. Um goleiro que defendeu com muito brilho a seleção brasileira, comparável em categoria e eficiência a Gilmar, campeão do mundo em 1958 e 1962, sendo que Barbosa era ainda mais elegante que o elegante Gilmar. Ambos eram bem superiores a Félix (1970).” (Livro: Barbosa, Um gol faz cinquenta anos – página 131)

(Gilmar e Barbosa)
  


“Até 1953, Barbosa foi o titular absoluto da posição de goleiro Vasco e da Seleção Brasileira. Porém, em maio daquele ano, sua coragem lhe custou caro: Num violento choque com o atacante do Botafogo, Zezinho, numa partida pelo Torneio Rio-São Paulo, sofreu uma séria fratura dupla da tíbia e perônio, para a consternação de todos os vascaínos. A recuperação foi demorada e a volta aos gramados difícil para o grande goleiro, que jamais voltou a ser lembrado para uma convocação para a Seleção." (Mauro Prais)

 

   
  


 


(Ademir, Barbosa e Eli)
“E Barbosa continua notícia, continua fato pelo seguinte: - porque é eterno. E quando Barbosa joga acontece apenas isto: - ele esfrega a sua eternidade na cara da gente. ... ...eu comecei a desconfiar da eternidade de Barbosa, quando ele sobreviveu a 50. Então, concluí de mim para mim: -"Esse cara não morre mais!".Não morreu e pelo contrário: -está cada vez mais vivo. Nove anos depois de 50, ele joga contra o Santos, no Pacaembu. Funcionou num time de reservas, contra um dos maiores, se não o maior time do Brasil. E foi trágico, amigos, foi trágico! Começa o jogo e imediatamente, Pelé invade, perfura e de três metros fuzila. Fosse outro e não Barbosa,estaria perguntando, até hoje: - "Por onde entrou a bola?". Barbosa defendeu e com soberbo descaro! Daí para a frente, a partida se limitou a um furioso duelo entre o solitário Barbosa e o desvairado ataque santista. Foi patético ou por outra: - foi sublime. E porque, na sua eternidade salubérrima, ainda fecha o gol, eu faço de Barbosa o meu personagem da semana.". (Este é um trecho da crônica do Nelson Rodrigues que foi publicada na revista Manchete Esportiva nº 184 de 30 de maio de 1959)
 

(Ademir, Barbosa e Zizinho numa propaganda do Guaraná Caçula - foto publicada no livro do Roberto Muylaert)
(Ademir e Barbosa)



Barbosa teve uma vida modesta, foi atleta numa época romântica no futebol brasileiro e, desse modo, não acumulou riqueza ao longo dos anos em que foi goleiro.







(SPORTV - confira o vídeo abaixo)
 
Encerrou a carreira aos 42 anos, defendendo o Campo Grande, e depois se tornou funcionário da Suderj, no Maracanã.

Certa vez li num blog que, nos últimos anos de vida, ele se mantinha com uma “pensão” de R$2.000,00 concedida pelo Vasco, através do Eurico Miranda.





 

Gosto da foto ao lado! Foi publicada pela Revista Placar em 1978 numa matéria sobre os craques do passado de Vasco e Flamengo. Nela o velho Barbosa, aos 57 anos, parece se divertir como uma criança!



Vou concluir dizendo: Nelson Rodrigues tinha razão!
O goleiro do Expresso da Vitória, o primeiro goleiro negro da Seleção Brasileira, o Gigante Barbosa, é eterno!












Fontes:

- Revista Placar (Edição Especial “As maiores torcidas do Brasil”) – VASCO
- Mauro Prais (NETVASCO/MauroPrais). Ídolos do Vasco
- Série L! Grandes Clubes (2005), publicação do LANCE
- Revista Oficial do Vasco
- "Barbosa, um gol faz cinquenta anos" de Roberto Muylaert (RMC Editora)

3 comentários:

  1. O maior injustiçado do futebol mundial! Devido à argumentos de uma mídia covarde e elitista contra um goleiro negro e do Vasco.

    O verdadeiro frango que nos custou uma copa para o brasil, foi exatamente 60 anos depois. Mas vão por a culpa neste? O queridinho? Lógico que não! Agora está de molho, esperando a primeira falha do goleiro atual, para promoverem a sua volta pra 2014. Esperem só..

    Mas voltando ao eterno Barbosa, o que importa é que em sua época, segundo os mais velhos, é que foi um monstro sagrado debaixo das traves. Ídolo do Expresso da Vitória e da Seleção Brasileira.

    Talento reconhecido pelos vascaínos até o fim de suas vidas, principalmente na conquista da primeira Libertadores para um time brasileiro.

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  2. Caro Paulinho,
    infelizmente, a mídia será sempre assim...

    Com relação ao Barbosa, lamento o Vasco não ter feito uma grande e justa homenagem ao seu eterno goleiro!... um busto, uma placa... por muito menos, o Vivinho (atacante do final anos 80) foi homenageado em São Januário.

    Aliás, já passou da hora do Vasco fazer um Memorial para seus grandes ídolos.

    Forte abraço!

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  3. Verdade Ricardo...em São januário tinha que ter uma calçada da fama para os nossos craques, infelizmente muitos já se foram, Como Barbosa, Ademir, Jair e tantos outros...temos que preservar a história e aproveitar uma homenagem ao Bellini e outros Craques que ainda vivem nesta terra..

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