sábado, 28 de agosto de 2010

DANILO ALVIM


Danilo Faria Alvim
Nascimento: 3/12/1920, Rio de Janeiro-RJ
Falecimento: 16/5/1996, Rio de Janeiro-RJ
Período: 1946 a 1954
Títulos: Carioca (1947, 1949/50, 1952) e Sul-Americano (1948)
Posição: Médio

 
"O  Príncipe"
 
 
 
 
 
 
 
 
 

“Príncipe! Era mesmo uma apelido perfeito. Danilo tinha técnica refinada, que se expressava em dribles curtos, passes precisos e lançamentos majestosos” (Revista Placar “Os Esquadrões dos Sonhos” nov/1994)
 
 

Confira a biografia de Danilo publicada pela Revista Placar e reproduzida pelos sites "Museu dos Esportes" e NETVASCO:


"Por pouco Danilo Alvim não ficou inutilizado para o futebol quando começava a jogar como profissional. Em janeiro de 1941, ao descer de um ônibus, na Praça da Bandeira, e tentar pegar um bonde em movimento, foi atropelado por um automóvel. O boletim de uma das enfermarias do Hospital de Pronto Socorro, que depois mudou o nome para Hospital Souza Aguiar, informava que o paciente Danilo Faria Alvim, de 19 anos, jogador do América, havia fraturado as pernas (em 39 lugares! ficando com a tíbia exposta). Ele ficou 18 meses engessado. Somente no segundo semestre de 1942 é que voltou a fazer exercícios de recuperação muscular. Mesmo com dificuldade, sua paixão pela bola era tão grande que nunca o deixou perder as esperanças de voltar a jogar futebol.
Chico, o técnico Flávio Costa e Danilo 
(foto publicada na Placar Especial "VASCO", abril/1979)
Voltou exibindo tanta classe e categoria que logo recebeu o apelido de Príncipe. Sua oportunidade surgiu quando o técnico Flavio Costa levou uma seleção carioca para treinar no campo do América. O centro médio Rui se machucou e Flavio colocou Zazur em seu lugar. Para completar o time reserva, pediu ao treinador dos juvenis do América que indicasse um jogador do clube para terminar o treino. Danilo que estava nas arquibancadas foi chamado e entrou para treinar contra os cobras com muita naturalidade. Terminado o treino, Flavio Costa convocou Danilo.
Antes de se transferir para o Vasco da Gama, ainda jogou no Canto do Rio em 1943. Foi para lá por empréstimo, dispensado pelo técnico do América, Gentil Cardoso. Percebendo a mancada que deu, Gentil o trouxe de volta para Campos Sales.
Danilo foi para o Vasco através do treinador Ondino Vieira, que foi pessoalmente contratá-lo por 90 contos de luvas e 2 contos mensais. Ganhou seu primeiro titulo de campeão carioca em 1947. Repetiu a dose em 1949. 1950 e 1952. Também foi campeão dos clubes campeões em 1948 no Chile. Campeão brasileiro pela seleção carioca em 1950 e campeão sul-americano em 1949. Foi vice campeão mundial em 1950, quando sofreu a maior decepção de sua carreira. Em 1954 se transferiu para o Botafogo onde ficou por dois anos. Mas, já não era o mesmo. Estava chegando ao fim uma das mais brilhantes carreira de um jogador de futebol. Depois de quinze anos correndo atrás da bola, Danilo entregava os pontos. Logo depois virou técnico. Em 1963, como treinador da seleção da Bolivia, conquistou o titulo de campeão sul-americano.
 Danilo Alvim que chegou a ser o “O Príncipe do futebol brasileiro”, passou seus últimos de dias na rua da amargura. Vivendo com uma aposentadoria de salário mínimo, morava em um pequeno apartamento no centro do Rio de Janeiro. Depois da morte de sua mulher, a solidão tomou conta de Danilo. Com a memória desgastada pelo tempo, Danilo faleceu no dia 16 de maio de 1996. (Revista Placar - reproduzido no NETVASCO)




A ida de Danilo Alvim para o Vasco


O Príncipe recebendo
a faixa de Campeão/1952
“Assim, na última rodada do torneio (Torneio Relâmpago de 1945), teríamos mais um Vasco e América decisivo. Mas naquele dia, não brilhou nem a estrela de Lelé, nem a de Isaías, muito menos a de Chico: quem acabou com o jogo foi Danilo Alvim. Com uma atuação impecável, o craque levou a equipe rubra a virar o marcador adverso de 1 a 0 e levantar o troféu com uma bela vitória por 2 a 1, com gols de Maneco. A diretoria vascaína não deixou barato e no ano seguinte levou Danilo para São Januário, mantendo a tradição de que quem arrebentasse contra o Vasco não poderia mais fazê-lo, já que teria que passar rapidamente para o lado da nau vascaína. E o Príncipe, como foi carinhosamente chamado pela torcida, seria um dos grandes ídolos do clube em bem pouco tempo” (pág 12 e 13  do Livro “Um Expresso Chamado Vitória”)







Príncipe Danilo, Nilton Santos e Zizinho - geniais!
(foto publicada na Manchete Esportiva)
Na Revista Manchete Esportiva n.102, de novembro de 1957, há uma matéria com o Príncipe Danilo (aliás, a foto acima é desta revista). Reproduzo uma pequena parte: " Danilo viu atuar muita gente e considera Zizinho, Jair e Ademir um trio de atacantes como talvez não surja outro igual. Entretanto, dos novos, fala com especial admiração dos ponteiros Garrincha e Telê (são os maiores jogadores que já vi em toda minha vida - diz Danilo). Um scratch de todos os tempos assim poderia ser escalado por Danilo - Barbosa (Castilho); Augusto e Domingos; Bauer, Rui e Noronha; Garrincha (Telê), Zizinho, Ademir, Jair e Vevé."
Como podem perceber, por humildade, o Príncipe não se escala no time de todos os tempos (em 1957), mas certamente teria vaga nele.



Danilo, Jorge e Ely
(foto que fiz de um dos painéis do Vasco que há no Maracanã)


O “Príncipe Danilo”, com toda a elegância de seu futebol, formou, ao lado de Ely e Jorge, a linha média mais famosa do futebol brasileiro envergando a gloriosa camisa cruzmaltina.







O jornalista (e vascaíno) Sérgio Cabral fala um pouco sobre o Príncipe em sua crônica na Revista Oficial do Vasco deste mês, recordando dois grandes lances de Danilo:


“Vasco x Bangu, domingo de manhã, no Maracanã: o goleiro Barbosa cobrou tiro de meta e correram para alcançar a bola Danilo e Zizinho. Danilo chegou à frente e, com um leve toque com o peito do pé, encobriu o adversário. Ou seja, Danilo deu um lençol no Mestre Ziza, que maravilha! Mas não posso esconder o fato de que, no segundo tempo, Zizinho daria o mesmo lençol em Danilo. Eram dois jogadores fantásticos.
Não me lembro se já contei aqui a estranha matada de bola do Príncipe Danilo, num Vasco x Fluminense. Sei que o ponta-esquerda tricolor, Joel – que não era craque, mas chutava com incrível violência -, disparou uma bola que, se tivesse a velocidade medida, deve ter atingido algo em muito próximo dos 200 quilômetros por hora. Sei que Danilo, a mais ou menos 10 metros do chute, levantou a perna, a bola percorreu-a toda (imaginem onde parou) e o nosso Príncipe saiu com ela como se tivesse recebido o passe de um companheiro.
Para minha alegria, tempos depois vi o Danilo conversando com o Sandro Moreira, na redação do Diário da Noite, onde iniciei minha vida de jornalista. Aproximei-me e entrei na conversa para perguntar a Danilo, primeiramente, se ele lembrava da jogada e, em seguida, para revelar com que parte do corpo matara aquela bola. “Com a cabeça”, me disse sorridente, expressão que traduzi: “com a inteligência”. Mas até hoje, não sei onde a bola bateu. Se fosse no local para onde ela se dirigia, Danilo deveria ter saído direto do Maracanã para o pronto-socorro.”
(Revista Oficial do Vasco, agosto/2010, Crônica do Sérgio Cabral)








Pela seleção brasileira, foi campeão Sul-Americano em 1949 e vice Mundial em 1950. Foi um dos jogadores mais técnicos que o Brasil viu jogar e um dos mais dedicados às camisas que vestiu.















Na final da Copa de 1950, com a inesperada derrota para o Uruguai, Danilo saiu chorando do Maracanã, amparado pelo locutor Jaime Moreira, momento registrado em uma das mais famosas fotos do “Maracanazzo”.









Danilo no Botafogo
(foto da Manchete Esportiva)
"Em 1953, transferiu-se para o Botafogo e em 56, de passe livre, assinou com o Uberaba, acumulando as funções de jogador e técnico. Reza a lenda que, no ano seguinte, quando Danilo Alvim queria ser só treinador, o Santos foi jogar um amistoso em Uberaba. O então bicampeão paulista tinha nada mais, nada menos, que Jair Rosa Pinto na meia-esquerda. Mas em campo, de maneira surpreendente, o Colorado findou a primeira etapa empatado com o time da baixada santista. Então, durante o intervalo, no vestiário, antes das instruções, Alvim calçou as chuteiras e disse: “Vou fazer esse segundo tempo”. Foi, fez e ajudou o Colorado a vencer. No final, parabenizado por Jair, teria dito ao ex-companheiro de seleções e do Vasco que aquela fora a sua última partida como jogador profissional. Em 57, convenceu Zizinho, o Mestre Ziza, outro dos grandes jogadores da história do futebol brasileiro, a jogar no Uberaba.
Como treinador levou a Bolívia ao seu único título sul americano, em 1963. Segundo o ex-zagueiro Pavão, que foi treinado por Danilo no Uberaba no final dos anos 50, o “Príncipe” contou que havia perdido praticamente tudo o que havia ganho como grande jogador que foi e que só restava uma casa no Rio de Janeiro em seu nome. Pediu para que não jogassem dinheiro pela janela e evitassem desperdícios. Infelizmente, as suas lições não o livraram de um destino triste, pois findou os dias em um asilo de velhos no Rio de Janeiro, onde morreu de pneumonia em 16 de maio de 1996."
(Blog "Só Vasco da Gama", Jorge Costa)


Obs. 1) Juntamente com Barbosa, Ademir Menezes e Roberto Dinamite, Danilo forma um grupo restrito de ex-jogadores vascaínos que figurou em todas as eleições de "melhor time do Vasco de todos os tempos" realizadas até hoje pela Revista Placar (publicações nos anos de 1982, 1994 e 2006).

Obs. 2) Com a camisa cruzmaltina, Danilo fez 310 jogos e 11 gols. (Revista Placar "Meu Time dos Sonhos", 2006)





"Danilo era alto, magro e tinha estilo clássico e técnica refinada, com absoluto controle de bola e passes e lançamentos precisos. No Vasco, continuou a demonstrar toda a sua categoria na fase áurea do mitológico Expresso da Vitória e foi titular de todas as Seleções, inclusive a vice-campeã da Copa de 1950."  (Mauro Prais)


“Ah, o Danilo... Como ele jogava!!!” – Tia Aida: fundadora da Torcida Organizada do Vasco (TOV).







Fontes:

- Revista Placar "Os Esquadrões dos Sonhos" (nov/1994)
- Revista Placar "Meu Time dos Sonhos" (2006)
- Site NETVASCO
- Site do Mauro Prais (www.netvasco.com.br/mauroprais)
- Livro “UM EXPRESSO CHAMADO VITÓRIA”, Alexandre Mesquita e Jefferson Almeida
- Blog "Só Vasco da Gama" (http://sovascodagama.blogspot.com/), Jorge Costa
- Revista Manchete Esportiva, n. 102, novembro de 1957
- Revista Oficial do Vasco (agosto/2010)


9 comentários:

  1. Amigo Ricardo Antonio
    Como sempre mais um post brilhante e dessa vez o Príncipe Danilo Alvim.
    Posso ter pedir um post sobre o nosso 1º grande artilheiro, o Russinho. Não sei porquê mas tenho uma grande admiração por ele e tanto que criei um blog em sua homenagem cujo enderêço é www.russinhofc.blogspot.com
    Abraços

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  2. Caro Jorge Henrique, Russinho está na minha lista e certamente farei um post sobre o artilheiro. Alguém que numa partida faz 4 gols sobre o grande rival ajudando a construir um placar de 7x0 tem que ser sempre lembrado! Parabéns pelo seu blog! Visitei, gostei e vou adicionar na minha lista. Ah, certamente vou consultá-lo para o post do Russinho. Abraço!

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  3. Parabéns Ricardo. Excelentes posts. Já sou fregues.
    Grande abraço

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  4. Valeu, Valdir! E conto com tua ajuda quando for preparar os posts dos craques dos anos 60/70! Abração

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  5. Ricardo!
    Você me provocou uma nostalgia muito grande. Não, eu não vi Danilo em campo, mas é como se tivesse visto afinal de contas meu avô falava tanto do Principe que criei por ele uma admiração enorme.
    Mais uma vez, parabéns pelo blog.

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  6. Ola' Ricardo,

    Os posts continuam de altissimo nivel, tanto na compilacao dos textos quanto na colecao de imagens.

    Que beleza de foto voce encontrou para o card do Fausto. Nao me lembro de te-la visto antes.

    Grande abraco,

    Mauro

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  7. Valeu, Fred! O blog é nosso e é para isso mesmo: nos fazer recordar e/ou conhecer nossos ídolos!

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  8. Caro Mauro, obrigado! É um prazer tê-lo por aqui! E, como pode ver nos meus posts, estou sempre passando pelo teu site! =)

    Com relação à foto do Fausto, eu a consegui no livro do Aidan Hamilton sobre o Domingos da Guia. Mas, precisei "dar um trato nela" e ainda pedir ajuda a uma amiga para deixá-lo com a camisa do Vasco.

    Forte abraço!

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  9. Olá Ricardo. Pode parecer distante, mas a aproximadamente 1000 km do Rio de Janeiro, mantemos acesa uma chama forte de amor ao Gigante da colina. Temos um núcleo oficial do Vasco da Gama na cidade, já tivemos um ídolo da cidade defendendo a armadura cruzmaltina e a seleção (grande Vivinho!) e agora vamos fazer uma homenagem aos ídolos do Vasco da Gama. Na nossa pelada semanal, contando obviamente apenas com vascaínos, faremos coletes com o número dos 20 mais nas costas. Estamos com dificuldade para encontrar o número das camisas de Danilo Alvim, Vavá e Ademir Menezes. Consegue nos ajudar?
    Atenciosamente,
    Adriano Fernandes Faria
    Saudações vascaínas
    adriano_faria@nacionalnet.com.br

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