terça-feira, 21 de setembro de 2010

ORLANDO PEÇANHA


Orlando Peçanha de Carvalho
Nascimento: 20/9/1935, Niterói-RJ
Falecimento: 10/2/2010, Rio de Janeiro-RJ
Períodos: 1955 a 1960 e 1969 a 1970
Posição: Zagueiro
Títulos: Carioca (1956 e 1958), Rio-São Paulo (1958)




        " O SENHOR DO FUTEBOL"






"Para o grande craque Didi, Orlando foi o melhor jogador brasileiro na Copa do Mundo da Suécia. Portanto, não exagero ao manifestar a opinião de que foi ele o melhor quarto-zagueiro da história do futebol brasileiro"  (Sérgio Cabral, o jornalista, na sua coluna do jornal Lance - 14/02/2010)


Ontem, 20 de setembro, foi aniversário de nascimento do Orlando Peçanha. Ele estaria completando 75 anos. Por isso, preparei esse post em sua homenagem. Portanto, meus amigos, o Gigante da Colina desta semana é "O Senhor do Futebol".


O INÍCIO NO VASCO
O jovem Orlando surgindo no Vasco
(Fascículo da revista Realidade - 1969)
"– Olha, desculpe, mas o Edmur não me disse nada e eu não posso deixar você treinar. Você pode se machucar, quebrar uma perna e ninguém é responsável por você.

Carlos Volante, treinador dos juvenis do Vasco não acreditou no porte daquele rapaz franzino, que com dezesseis anos já havia sido campeão, jogando no Fonseca ao lado de Edmur, jogador do Vasco. No entanto, Volante não era o primeiro a impedir Orlando de jogar futebol. Desde cedo, Orlando Peçanha quebrava unhas e esfolava os pés nas ruas barrentas de Lins de Vasconcelos, subúrbio do Rio de Janeiro.

Mas a participação nas peladas era sempre rápida porque logo depois seu pai entrava em cena e ele tinha de sair correndo com o caixote de entregas do armazém da família...

...Mas foi por causa das peladas que Orlando conseguiu treinar em São Januário. Um amigo dos tempos de Lins de Vasconcelos, que havia sido criado com Vavá, no Recife, resolveu ajudar Orlando. Vavá falou com Volante e o rapaz franzino acabou vestindo a camisa número 6...

Quando acabou o treino, Volante mandou Orlando voltar. Na segunda vez, outro convite. Foi ficando e treinando ao lado de Vavá, Almir, Arapuã, que era irmão de Ipojucã. Corria o ano de 1952. Carlos Volante ajudando Orlando. Com Volante, ele aprendeu a cabecear. Antes despachava a bola para longe, sem saber onde ela ia cair. Em pouco tempo, a cabeçada virou passe. Orlando ia formando suas características de beque discreto e eficiente.

... Orlando fazia o serviço militar e morava no Vasco, para economizar tempo e dinheiro. Lembrava as dificuldades financeiras da família e deixava seu dinheiro com o irmão mais velho. Só ficava com o suficiente para a passagem, cinema e roupa... O Vasco foi campeão de juvenis em 1954 e Orlando subia rapidamente. Ainda era juvenil quando apareceu a primeira oportunidade no primeiro time.

Na capa da Revista do Esporte n.34
Orlando havia viajado com o Vasco para a Europa. O time jogava contra o Barcelona e perdia por 1 a 0. Orlando entrou de meia-armador para substituir um companheiro. O jogo acabou com o mesmo resultado. Dois dias depois, em Coimbra, Portugal, o Vasco jogava com o Acadêmico local. Flávio Costa era o técnico e resolveu mudar a defesa do time. Jofre, Adésio e Dario saíram. Orlando começou o jogo com a camisa 6, atuando ao lado de Coronel e Eli. O Vasco ganhou – 5x0 – e Orlando ficou com a posição: agora era titular.

Em 1955, Orlando assinou seu primeiro contrato como profissional... Não havia ainda o problema de luvas. Orlando achava que o Vasco lhe havia dado a oportunidade de aparecer e gasto muito dinheiro em assistência médica. Além do mais, ele morava e comia no clube. Achava que não exigir nada era uma forma de recompensar o Vasco. Ainda em 1955, Orlando comprou uma série se imóveis. Estava com dezenove anos e sempre preocupado com o futuro.  ... No futebol, Orlando continuava a brilhar na defesa do Vasco. O time melhorava dia a dia. Em 1956 levanta o campeonato da cidade." (Fascículo da Revista Realidade/1969 dedicado ao quarto-zagueiro Orlando, escolhido pela revista para a sua Seleção Brasileira de Todos os Tempos)


Em 1958 o Vasco conquistava o Torneio Rio São-Paulo e o Campeonato Carioca. Orlando, formando dupla de zaga com Bellini, se destacava na equipe cruzmaltina!


Vasco 1958 - Miguel, Paulinho, Bellini, Écio, Orlando e Coronel;
Agachados Sabará, Almir, Roberto Pinto, Valdemar e Pinga.




ORLANDO NA SELEÇÃO BRASILEIRA


"A seleção brasileira de 1958 ficou marcada pela presença de alguns dos melhores jogadores de todos os tempos. Além de reunir Pelé e Garrincha, a equipe contava com os talentos de Didi, Nilton Santos e Djalma Santos, que figuram frequente-mente na lista dos maiores da história do futebol.




Mas o time que deu ao Brasil o seu primeiro título contava também com um zagueiro que, se não possuía a fama de outros companheiros de equipe, era respeitado por sua categoria e eficiência.

Orlando Peçanha teve uma trajetória particular na seleção brasileira. Disputou sua primeira partida pelo selecionado em 18 de maio de 58, apenas 20 dias antes da estreia do país na Copa disputada na Suécia. O escasso tempo foi suficiente para convencer o treinador Vicente Feola a escalá-lo como titular no Mundial

Nos seis jogos da campanha vitoriosa, que foi marcada por muitas mudanças no time titular, Orlando atuou em todos os seis jogos. Ao lado do amigo Bellini, seu parceiro de zaga também no Vasco. Formavam uma dupla considerada ideal por muitos treinadores. Bellini era mais conhecido pelo vigor físico, que parava os atacantes quando necessário. O chamado ‘limpador de área’. Orlando era seu contraponto. Um beque clássico, com categoria suficiente para desarmar os atacantes adversários sem apelar para faltas. Mas que sempre mostrava garra.

Orlando seguiu absoluto na seleção até 1960, quando foi negociado com o Boca Juniors. Na Argentina, virou ídolo do clube de maior torcida do país. Mas ao se transferir para o exterior, acabou perdendo a chance de ser bicampeão mundial em 62. Na época, quem atuava fora do Brasil sabia que estaria fora da lista de convocados. No Chile, Zózimo, seu reserva em 58, ocupou a vaga em aberto e foi campeão.

Em 65, voltou ao Brasil, para defender o esquadrão do Santos. Na Vila Belmiro, reencontrou companheiros do Mundial da Suécia: Gilmar, Zito, Pepe…e Pelé. Foi campeão paulista duas vezes (65 e 67) e Taça Brasil de 65. E aos 31 anos, foi convocado para a Copa de 66. Chegou à Inglaterra como reserva, mas foi capitão na última partida do Brasil no Mundial. A derrota por 3 a 1 para Portugal foi sua única nas 34 vezes em que atuou com o camisa do Brasil.

Um tropeço que não abalou uma trajetória extremamente vitoriosa tanto na seleção quanto nos clubes em que defendeu (Vasco, Santos e Boca). Em todos, foi campeão. Uma carreira que ganhou a justa homenagem com a inclusão do nome de Orlando Peçanha na calçada da fama do Maracanã."
(Blog Memória E. C. - Marcelo Monteiro)


Bellini, Vavá e Orlando
o trio vascaíno Campeão do Mundo em 1958

“Naquela época, nenhum jogador via na Seleção uma chance de enriquecer. Ninguém trocava o título por dinheiro. Nós nos sacrificávamos ao máximo, pensando só em ganhar a Copa. Sabíamos que estávamos preparados para entrar em campo e jogar um futebol até melhor do que aquele que tínhamos jogado contra a Áustria, Inglaterra, União Soviética, País de Gales, França, e nas partidas eliminatórias. Assim, na decisão contra a Suécia, entramos para vencer...
No jogo da decisão (Brasil 5x2 Suécia), todos nós estávamos tranquilos. Ninguém tremeu. O Brasil jogava como um verdadeiro campeão, sereno, calmo, destruindo as jogadas adversárias e construindo as suas rapidamente. Foi essa tranquilidade que nos deu o título... Tomamos o primeiro gol, mas Didi pegou a bola no fundo das redes de Gilmar e falou: “Vamos pôr esses gringos na roda.” E pusemos mesmo, passeando em campo." (matéria com Orlando Peçanha publicada na revista Manchete Esportiva, n.35, junho/1978)







            Histórico na Seleção

Copas do Mundo: 1958 e 1966.
7 jogos (5v, 1e, 1d)

Jogos na Seleção: 34 partidas

Títulos:
Copa do Mundo (1958);
Taça Bernardo O'Higgins (1959);
Taça Atlântico (1960).







NA ARGENTINA
Em 1961, uma boa proposta o levou para o Boca Juniors, da Argentina. Orlando não teve receio de ir. Chegou, mostrou o futebol que sabia jogando ao lado de brasileiros ilustres, como Dino Sani e Almir. Virou ídolo em La Bombonera. Seu apelido na imprensa de Buenos Aires era "el Señor del fútbol".

"No Boca eu era um jogador polivalente. Desses que joga em várias posições. Joguei na lateral direita, na esquerda, de central e até de volante. Algum tempo depois me elegeram o capitão do time. Aquilo para mim foi uma surpresa. Não acreditava que um jogador estrangeiro conseguisse chegar a ser capitão de um time fora de seu país. Assim, fomos três vezes campeões da Argentina, depois de um longo tempo sem títulos." (Orlando - Revista Manchete Esportiva, n.35, junho/1978)

Capitão e campeão no Boca Juniors
“Llegó a Boca Juniors, desde Vasco da Gama, en 1961 por expreso pedido de su compatriota Vicente Feola, entrenador que ya lo había dirigido tres años atrás, cuando Brasil alcanzó la cima a nivel mundial.

Rápidamente se convirtió en ídolo de la hinchada, al demostrar su compromiso y sacrificio constante. Supo ser capitán del equipo, con el que disputó 119 partidos oficiales “ (www.planetabocajuniors.com.ar)

Na Argentina, conquistou os títulos nacionais de 1962, 1964 e 1965 (neste último, jogou apenas três partidas e foi vendido para o Santos)








O retorno ao clube do coração!



"Em 1969 voltou para o Vasco para encerrar sua carreira como jogador e iniciar uma outra: a de auxiliar técnico. E, concidentemente, desde 58, quando Orlando ainda jogava, o Vasco não havia sido campeão carioca. Mas, com uma grande equipe, formada pelo Almirante Heleno Nunes, da qual constavam Raul Carlesso, Camerino e Orlando, além do técnico Tim, o Vasco, em 70 voltava a ser campeão." (Revista Manchete Esportiva, n.35, junho/1978)








"GALERIA ORLANDO PEÇANHA"

Parodi, Barbosa e Orkando
(Foto: Fascículo da Revista Realidade/1969)





 Com o atacante paraguaio Parodi e o eterno Barbosa, numa excursão do Vasco.

















 
O Senhor Orlando Peçanha com a Taça do Torneio Internacional de Paris, conquistada em 1957 com a vitória sobre o Real Madrid de Di Stéfano, Kopa e Gento.
O Vasco de Orlando, Sabará, Válter Marciano, Vavá e Pinga venceu por 4 a 3.







Brasil Campeão do Mundo (1958)
Djalma Santos, Zito, Bellini, Nílton Santos, Orlando e Gilmar;
Agachados: Garrincha, Didi, Pelé, Vavá e Zagallo.


Orlando em 1978 exibindo sua coleção de faixas.
O zagueiro foi campeão com todas as camisas que vestiu em sua brilhante carreira!
(Foto: revista Manchete Esportiva, junho de 1978)


Fontes

- Revista Manchete Esportiva, n.35, junho de 1978;
- Fascículo da Revista Realidade (1969) "A Seleção Brasileira de Todos os Tempos";
- Blog Memória E. C. - por Marcelo Monteiro;
- Site do Mauro Prais (www.netvasco.com.br/mauroprais);
- Site Planeta Boca Juniors (http://www.planetabocajuniors.com.ar/).
















Um comentário:

  1. Ricardo, show de bola a materia sobre o nosso saudoso zagueiro. E ele merece.

    Grande abraco,

    Mauro

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