Osmar Fortes Barcellos
Nascimento: 03/10/1921, Porto Alegre-RS
Falecimento: 17/06/1979, Porto Alegre-RS
Período: 1949 a 1951
Posição: Atacante (Ponta-direita)
Títulos: Campeão Carioca (1950)
O ARTISTA DA BOLA
"Foi sem dúvida um dos maiores pontas-direitas da história do futebol mundial." (Alexandre Mesquita e Jefferson Almeida, “Um Expresso Chamado Vitória”)
“o melhor ponta nacional e da América nos anos 40” (Antônio Falcão, "Os Artistas do Futebol Brasileiro - 50 minibiografias de A a Z")
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Tesourinha no Internacional (anos 40) |
“Todos sabem quem foi o maior ponta-direita do futebol brasileiro. O homem nascido em Pau Grande, o terror das suecas. A pergunta é: e o segundo maior número 7? Para muitos esse foi Osmar Fortes Barcellos, o Tesourinha. Driblava e chutava com muita pontaria com os dois pés. Era criador de jogadas e artilheiro. Entortava zagueiros, centrava e marcava gols. Tudo ao mesmo tempo.
Osmar nasceu mulato em Porto Alegre. Começou no Ferroviário, time amador da capital. Aos 18 anos vestia a camisa do Inter. Deveria ser centroavante, mas, por causa da concorrência com Carlitos, ficou na ponta direita. Gostou.... Por pertencer ao bloco carnavalesco “Os Tesouras”, foi chamado de Tesourinha. Caiu como uma luva, pelo jeito como “cortava” os zagueiros adversários. Dos dez campeonatos gaúchos que disputou, ganhou oito e foi artilheiro em 1943 e 1945.”
(Revista Placar – Coluna "Mortos-Vivos", Dagomir Marquezi)
“Osmar Fortes Barcelos era o nome deste gaúcho bom de bola que tinha o apelido de Tesourinha. Nasceu em Porto Alegre em 1921. Foi um dos jogadores gaúchos mais laureados da história do futebol brasileiro. Era um ponta direita extremamente hábil e técnico que, além de driblar com incrível facilidade, ainda chutava com precisão, o que lhe permitia ser mais do que um preparador de jogadas para ser também um artilheiro. Já foi eleito o melhor jogador do Internacional de Porto Alegre de todos os tempos. ... Tesourinha driblava seus adversários em alta velocidade, cortando os zagueiros para um lado e para o outro. Viveu seus melhores momentos no Internacional como ídolo e campeão. O time era bom e Tesourinha se encaixava como uma luva. No futebol gaúcho ele era uma estrela. Mas, precisava conquistar o Brasil. Jogando pela seleção da sua terra, começou a mostrar seu futebol para os grandes centros esportivos. Em 1944 chegou sua grande oportunidade na seleção. Foi convocado para enfrentar os uruguaios pelo Copa Rio Branco. Sua estréia aconteceu no dia 15 de maio de 1944 no estádio de São Januário. Tesourinha. Lélé. Isaias. Jair e Lima, foi o ataque brasileiro que venceu os uruguaios por 6x1. Tesourinha marcou o segundo gol. No ano seguinte, já jogava na seleção no meio dos “cobras” da época: Ademir. Leonidas da Silva. Heleno de Freitas e Zizinho.” (site Museu dos Esportes – reproduzindo texto da Revista Placar)
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Tesourinha, Rui, Adãozinho, Eliseu e Carlitos
Inter nos anos 40 - "Rolo Compressor"
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“Ainda indeciso se assinava seu primeiro contrato com o Internacional ou continuava no ambiente saudável e sem maior compromisso do Ferroviário, Tesourinha acabou cedendo à melhor proposta, do presidente colorado daquele ano de 1939, Willy Teichmann. Não pensava que fosse ocupar um lugar no time principal. Já se contentava com a condição de titular dos aspirantes do time do Internacional, que garantiu a exclusividade do seu futebol com a assinatura de um contrato amador. Tesourinha ficou pouco tempo nos aspirantes. O destino já escrevera que ele tinha um encontro marcado com a história do futebol gaúcho num domingo, dia 23 de outubro de 1939.
O Inter disputava uma partida do campeonato da cidade contra o Cruzeiro, quando o grande ponteiro-esquerdo Carlitos lesionou-se nos primeiros minutos do segundo tempo. O jogo estava empatado em 1 a 1. Tesourinha foi chamado para o seu lugar. Ambidestro, ele não tinha qualquer receio de jogar nos dois lados do ataque. O Inter venceu o jogo por 2 a 1, gols marcados por Brandão, mais tarde, técnico de sucesso no futebol brasileiro. Tesourinha não obteve destaque especial. Mas seria demais exigir que ele já começasse com nota dez no time profissional. Tesourinha teria muito tempo para obter nota dez em jogos no quais foi decisivo para as grandes conquistas do clube nos anos 40, como grande destaque do Rolo Compressor, ao lado do artilheiro Carlitos.” (Kenny Braga, "Os dez mais do Internacional")
“Tesourinha ganharia a opinião pública como o atleta excepcional que se deslocava com a rapidez de um raio, driblava divinamente, chutava preciso e servia aos companheiros bolas com açúcar. Tanto que, em 1945, esse craque foi titular absoluto nos 6 jogos do Brasil no campeonato sul-americano do Chile, onde formou este fantástico ataque: ele, Zizinho, Heleno de Freitas, Jair Rosa Pinto e Ademir Menezes. Sobre tal grupo, aliás, o Mestre Ziza escreveu nas memórias: Foi sem dúvida a melhor seleção em que joguei.” (Antônio Falcão, "Os Artistas do Futebol Brasileiro - 50 minibiografias de A a Z")
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Ademir Menezes, Jair Rosa Pinto, Heleno, Zizinho e Tesourinha
(Seleção Brasileira/1945) |
“Depois de ajudar o Internacional a ganhar oito títulos estaduais e participar de 45 Gre-Nais, achou que era a hora de sair do clube. Deixou o Inter no final de outubro de 1949, após o time perder o título da cidade para o Grêmio, transferindo-se para o Vasco da Gama em dezembro. O ano de 1949 foi ruim para o time do Internacional, mas foi bom para Tesourinha, que se tornou campeão sul-americano no início do ano. Na vitória que garantiu o título – 7 a 0 contra o Paraguai -, Tesourinha marcou dois gols. Além disso foi peça importante em diversos jogos.Mas o que repercutiu mesmo em Porto Alegre foi a transferência do jogador para o Vasco da Gama, que pagou ao Internacional 300 mil cruzeiros, o passe do atacante Solis, mais a arrecadação de dois jogos entre as equipes. Mas a ida de Tesourinha para o Rio de Janeiro não transformou todos os seus sonhos em realidade. Após ter ajudado o Brasil a ganhar a Copa Rio Branco em março de 1950, uma lesão no joelho direito, uma das poucas na carreira, impediu sua participação na Copa do Mundo, realizada no Brasil.
Talvez fosse outra a história do mundial daquele ano se Tesourinha estivesse em campo na final trágica para o Brasil, derrotado pelo Uruguai. Mas o craque foi brilhante no Vasco, onde se tornou campeão carioca em 1950 e ganhou o título do brasileiro de seleções com a camisa do Rio de Janeiro. No time cruzmaltino, o ponta direita aparece com destaque. Também foi indicado para ocupar a posição no melhor time do Internacional de todos os tempos, em consulta feita a jornalistas e torcedores ilustres do clube no início dos anos 80, pela Revista Placar.” (Kenny Braga, "Rolo Compressor, memória de um time fabuloso")
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Apresentação no Vasco:
do "Rolo Compressor" para o "Expresso da Vitória" |
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Em pé: Eli, Barbosa, Danilo, Augusto, Clarel e Alfredo
Agachados: Tesourinha, Ademir, Friaça, Maneca e Dejair
(Vasco 2x0 Peñarol - 1951, Maracanã) |
“Em 1950 o gaúcho teve pelo Vasco da Gama o seu único título no campeonato carioca. E ainda defendeu a equipe cruzmaltina na temporada de 51. Em março do ano seguinte, voltou ao sul a pedido do Grêmio, o arquiinimigo do seu ex-clube porto-alegrense. Isso, com um porém: ao aceitar o convite, Tesourinha quebrou um velho, ridículo e repugnante preconceito estatutário: foi o primeiro negro a vestir a jaqueta tricolor. Os fascistóides "gremistas vigilantes" protestaram contra a sua contratação e o ponta-direita com isso fintou também com habilidade esse obelisco da estupidez racista. E recebeu do então vice-presidente do clube, Luís Assunção, esta recompensa: "Tesourinha acabou como o arianismo no Grêmio. É um abolicionista que o Vasco da Gama nos mandou". O craque ficou no Grêmio até 55, época em que no clube Aírton Pavilhão começava a brilhar. A seguir, em troca de um emprego, Tesourinha foi encerrar a bela carreira no apagado time do Nacional gaúcho, onde jogaria os estaduais de 1956 e 57, quando finalmente deu por concluída a profissão de atleta.” (Antônio Falcão, "Os Artistas do Futebol Brasileiro - 50 minibiografias de A a Z")
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Brandãozinho, Ademir, Pinga e Tesourinha
(Vasco x Portuguesa) - foto publicada na Placar |
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Vasco/1951 - Tesourinha, Ipojucan, Friaça, Maneca e Dejair
(foto do Globo Esportivo enviada por Valdir Appel) |
Tesourinha na Seleção Brasileira
23 jogos (16 vitórias, 1 empate, 6 derrotas)
Gols: 10
Títulos: Copa Rocca (1945), Copa Rio Branco (1947, 1950), Sul-Americano (1949)
(Antonio Carlos Napoleão e Roberto Assaf, "Seleção Brasileira 1914 – 2006”)
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Convocação para o jogo da despedida |
“No dia 26 de março de 1969, entrou num campo de futebol profissional pela última vez, com 47 anos. Na despedida do Estádio dos Eucaliptos, Tesourinha jogou pelo Inter num amistoso contra o Rio Grande. No final foi até uma das traves, tirou a rede e a guardou como lembrança. Dez anos depois morreu de um câncer no estômago na mesma cidade onde nasceu e fez história.” (Revista Placar – Coluna "Mortos-Vivos", Dagomir Marquezi)
- - - - - - - - GALERIA DO TESOURINHA - - - - - - - -
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INTER/1944
Assis, Nena, Ávila, Ivo, Abigail, Alfeu
Volpi, Tesourinha, Adãozinho, Ruy e Xinxim.
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Tesourinha com Ávila e Adãozinho
Seleção Brasileira - 1945
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Expresso da Vitória /1951
Em pé: Eli, Barbosa, Augusto, Jorge, Clarel e Ipojucan
Agachados: Tesourinha, Friaça, Edmur, Maneca e Chico.
Tesourinha retira a rede para guardar
de lembrança (jogo de despedida em 1969)
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Mesmo depois de encerrar a carreira, Tesourinha
continuou a receber homenagens do clube |
“Tesourinha fez falta à Seleção de 1950, mas infelizmente teve que operar os meniscos. Ele era o terror dos goleiros quando fechava em diagonal e batia de canhota”
(Ademir Menezes)
Fontes:
- “Os dez mais do Internacional”, Kenny Braga
- “Rolo Compressor, memória de um time fabuloso”, Kenny Braga
- “Seleção Brasileira 1914 – 2006”, Antonio Carlos Napoleão e Roberto Assaf
- “Um Expresso Chamado Vitória” (Alexandre Mesquita e Jefferson Almeida)
- Revista Placar n.1333, agosto/2009, Coluna "Mortos-Vivos", Dagomir Marquezi